A BOA NOVA DO MATRIMÔNIO

Vivemos em um tempo em que tudo parece ter virado espetáculo. Redes sociais, festas, encontros de família — quantas vezes vemos casais sorrindo, postando fotos impecáveis e dando a impressão de que vivem um amor perfeito? Mas, por trás do sorriso, muitas vezes existem problemas não resolvidos, silêncios pesados e feridas escondidas sob o tapete. O perigo do “palco” é esse: gastar energia tentando manter uma imagem, enquanto a vida real do casal vai sendo deixada de lado. O matrimônio, no entanto, não foi feito para ser exibido, mas para ser vivido. Um casamento verdadeiro não se mede pelo que aparenta, mas pelo que constrói no cotidiano: no diálogo aberto, no perdão oferecido, na paciência com as diferenças, na coragem de enfrentar juntos as dificuldades. O amor cresce quando há espaço para a autenticidade — quando marido e esposa podem rir, chorar, errar e recomeçar sem máscaras. Fingir perfeição pode até enganar os outros por algum tempo, mas só a verdade sustenta um amor que atraves...

A aliança que marido e esposa trocam no dia do casamento não é apenas um símbolo de compromisso: ela é também promessa de um olhar que atravessa o tempo. No início, tudo é novidade: a juventude, os sonhos, o entusiasmo. Com o passar dos anos, a rotina se instala, o corpo muda, as rugas aparecem, os cabelos embranquecem. Envelhecer juntos é inevitável, mas o matrimônio é mais do que acompanhar a passagem do tempo como um destino biológico. Ele é um projeto de amor. Quando o coração aprende a ver com os olhos do amor, descobre que a beleza mais profunda não se perde. Pelo contrário: ela amadurece, cresce e se torna ainda mais luminosa. O matrimônio guarda uma força única — a de manter o amor sempre jovem. Porque, aos olhos de quem ama, ninguém envelhece. Aquela aliança colocada na mão esquerda, no dia do “sim”, continua dizendo todos os dias: “Eis aí o teu marido, eis aí a tua esposa.” É um lembrete silencioso de que, mesmo quando o corpo muda, o olhar do amor é capaz de enxergar além da...

Um ambiente acolhedor não se define apenas por móveis confortáveis ou boa iluminação. O verdadeiro acolhimento é construído por meio de relações e valores que sustentam a vida em comum. Um lar acolhedor nasce da forma como as pessoas se tratam. O ambiente conjugal e familiar se fortalece quando há empatia, respeito mútuo e comunicação aberta. Ouvir de verdade, sem julgamento, é um gesto simples que cria confiança e aproxima os corações. Acolher significa cuidar um do outro mesmo quando a vida aperta, mesmo quando o cansaço fala mais alto. É aí que o amor mostra sua força. Eu me vejo nessa situação. Depois de um dia inteiro de trabalho, eu chegava em casa cansado e meu netinho à minha espera na porta da sala. Eu colocava o pé dentro de casa e ele me convidava: “Vovô, vamos brincar?”. Eu trabalhei o dia todo e ele me esperou o dia inteiro. Mesmo cansado, eu nunca recusei seu convite. Isso me ensinou que acolher não é sobre ter energia ou disposição perfeitas, mas sobre estar presente e d...

Os olhos são como portas que alimentam o coração. Aquilo que vemos e ouvimos todos os dias vai, pouco a pouco, moldando nossos pensamentos, nossas atitudes e até a forma como amamos. Muitos relacionamentos não acabam por grandes crises, mas pelo que marido e esposa permitem entrar no coração através dos olhos. Quando cada um passa a viver experiências muito diferentes — amigos, lugares, rotinas — e não reserva tempo para partilhar o que viveu, pouco a pouco se transformam em estranhos dentro do próprio lar. Não é falta de amor inicial, mas ausência de vida em comum, que abre um abismo silencioso entre eles. O matrimônio se fortalece quando marido e esposa cuidam do que veem e escolhem viver experiências juntos. O olhar precisa ser protegido de tudo o que corrói a confiança e, ao mesmo tempo, direcionado para aquilo que aproxima: momentos de diálogo, encontros reais, memórias construídas lado a lado. Estar fisicamente juntos não basta. Marido e esposa podem dividir o mesmo espaço, até m...

A rotina faz parte da vida. Ela organiza o tempo, dá segurança e permite que as coisas funcionem. Mas, quando o casal se deixa levar apenas pelo automático, a rotina pode se transformar em cegueira. Sem perceber, marido e esposa deixam de se olhar de verdade, de se perguntar como o outro está, de prestar atenção aos sinais de cansaço, tristeza ou sobrecarga. Essa cegueira silenciosa abre espaço para discussões que corroem o amor. É justamente por não enxergarem de verdade um ao outro que as brigas se instalam e crescem. Muitas vezes, tudo começa com uma acusação: “Você é isso…” e logo vem o rebate: “E você então…”. A partir daí, a cegueira mútua alimenta um círculo de acusações intermináveis, um verdadeiro “blá-blá-blá”. O desejo de “ganhar a razão” fala mais alto do que a capacidade de parar, ouvir em silêncio e se perguntar: “E eu, como estou contribuindo para isso?” O resultado é um ciclo desgastante, onde ninguém escuta e ambos saem feridos. Mas a boa nova é que esse ciclo pode ser...

Viver a dois é aprender, todos os dias, a lidar com limites, diferenças e até feridas. Há momentos em que a tentação é responder na mesma moeda: palavra dura por palavra dura, silêncio por silêncio, indiferença por indiferença. Mas o amor não sobrevive quando entra nessa lógica de retribuições. A boa nova é que o matrimônio pode ser um espaço para romper com o mal. Amar não significa esperar que o outro seja perfeito, mas escolher permanecer fiel mesmo nas fragilidades. É decidir não guardar rancor, não alimentar mágoas e não deixar que o orgulho se torne maior do que o compromisso assumido no altar. Esse compromisso, no entanto, não se limita ao casal. O matrimônio transborda do amor a dois para uma realidade maior: a família. O amor fiel entre marido e esposa se abre naturalmente para a vida, para os filhos que virão, para a missão de educá-los na fé e nos valores que sustentam a vida. Romper com o mal, nesse contexto, é também ensinar pelo exemplo: mostrar às crianças que o perdão é...

Vivemos em um tempo em que a felicidade muitas vezes é medida pelas imagens que mostramos ao mundo. Postagens em redes sociais, fotos de viagens, festas animadas, conquistas materiais e até compras online podem criar a impressão de uma vida perfeita. Mas, passada a euforia do momento, o vazio aparece: será que é isso mesmo que sustenta a vida a dois? O casamento é um espaço sagrado, onde a verdadeira alegria não depende das aparências. Ela nasce de algo mais profundo: a fidelidade diária, o cuidado silencioso, a presença constante. O que mantém um matrimônio vivo não são apenas as grandes experiências, mas os gestos simples que revelam amor — um olhar atento, uma escuta paciente, uma mão estendida nas horas difíceis. Não há nada de errado em viajar, celebrar ou conquistar bens. Mas essas coisas não podem ser o fundamento da vida conjugal. A felicidade verdadeira se constrói no cotidiano, quando marido e esposa aprendem a valorizar a presença mútua e a renovar o “sim” de cada dia. O mat...

O casamento não é uma escolha feita apenas no dia da celebração. É uma decisão que precisa ser renovada todos os dias, na rotina, nas alegrias e também nos desafios. O “sim” do altar é apenas o começo de um caminho que pede cuidado, perseverança e maturidade. O matrimônio nos lembra que o amor não se sustenta sozinho. Ele precisa ser cultivado: em cada palavra de carinho, em cada gesto de perdão, em cada renúncia ao egoísmo. Amar é, muitas vezes, recomeçar — mesmo quando o cansaço bate, quando as diferenças pesam ou quando as coisas não saem como planejado. É nesse ponto que a fé entra como força que sustenta. Rezar juntos, ou ao menos carregar a vida a dois diante de Deus, ajuda a redescobrir a beleza do compromisso. A oração é como aquele fôlego novo que dá coragem para recomeçar e para confiar que não estamos sozinhos. Por isso, não espere a tempestade para começar a rezar em casal. Cultive a oração nos dias bons. É quando reina a paz, a alegria e a harmonia que o hábito de rezar ju...

 O casamento não é apenas sobre duas pessoas que se amam e decidem compartilhar a vida. Ele é muito mais do que isso: é uma aliança que insere o casal em uma história maior. Cada união carrega consigo as marcas das famílias de onde viemos, os valores transmitidos, as histórias de superação e até os erros que nos ensinaram lições. E, ao mesmo tempo, abre espaço para o futuro: os filhos que virão, os vínculos que se criarão, a comunidade que se fortalece a partir dessa nova família. O amor conjugal é, portanto, uma contribuição concreta para a vida do mundo. Ele se torna parte de algo maior que nós mesmos. O casamento é sagrado porque é chamado a gerar frutos que ultrapassam o tempo presente: filhos, exemplos, gestos de amor, sementes de esperança. E é justamente aí que está a boa nova do matrimônio: a aliança que fazemos no casamento é mais do que uma promessa de felicidade particular; é um sinal de esperança para o mundo, porque o amor que vivemos hoje se torna fundamento do amor q...

Planejamento e Maturidade: O Amor que se Constrói Muitas vezes imaginamos o amor como algo espontâneo, que basta “sentir” para dar certo. Mas, na vida real, sabemos que não é bem assim. Amar não é viver de improviso. O casamento exige planejamento e maturidade : assumir compromissos, sonhar juntos, organizar a vida e cuidar um do outro com responsabilidade. Isso não significa tirar a beleza da surpresa ou da leveza da convivência. Pelo contrário: significa dar ao amor um terreno firme onde ele possa florescer. Casais que planejam juntos o futuro, que conversam sobre expectativas, que enfrentam de maneira madura os desafios da vida, constroem uma relação mais sólida e confiante. O casamento é como uma casa: precisa de alicerces. Sem eles, qualquer tempestade pode abalar a estrutura. O diálogo constante, a partilha das responsabilidades, a fé e o compromisso de permanecer fiéis são esses alicerces que sustentam a vida a dois. E aqui está a boa notícia: planejamento e maturidade não torna...

A Fidelidade que Liberta Falar de amor é fácil. Difícil é viver o amor todos os dias. Viver um relacionamento a dois é, sem dúvida, um grande desafio. Há quem diga, como Vinícius de Moraes em seu famoso Soneto de Fidelidade , que “o amor é eterno enquanto dura” . Outros, diante das dificuldades da convivência, chegam a duvidar da ideia de um “grande amor”, como canta Chico Buarque em O Samba do Grande Amor . E ainda ecoa, em tons de desilusão, a pergunta da música sertaneja de Bruno & Marrone: “Será que eu me enganei o tempo todo com o seu olhar?” Essas expressões revelam algo real: amar é arriscado. A convivência diária, com suas diferenças, exige paciência, renúncia e perseverança. Mas podemos dar um novo olhar para o casamento: Não se trata de um contrato apenas ou uma tentativa frágil de felicidade; é um projeto de vida , um espaço onde podemos experimentar a fonte do verdadeiro amor — o próprio Deus. Nesse novo olhar, podemos perceber que a fidelidade não é uma prisão, mas sim...